Hoje o dia não foi fácil. Tem dias que são assim, eles parecem ser mais longos que outros. Pois, é. Hoje foi um dia daqueles. Quando eu era menino sempre ficava na janela para ver se aquela menina, a minha menina, iria passar. Quando ela passava com seu caminhar peculiar o coração acelerava, parecia que saltaria pela boca. Coisa de adolescente, coisa de menino. Hoje não sou nem de perto aquele menino, nem aquela janela é a mesma. Sobre a menina, por coisas do destino ela se foi para sempre. Falar em destino ele tem doses de ironia. Leva pessoas, traz pessoas, encaminha e as vezes descaminha, traz do norte, nos leva para o sul. Ele é o senhor da razão. Mesmo seguindo nosso caminho sempre esse enxerido destino atravessa nossa história. Sem explicação ele traz, e da mesma forma leva. O que resta é olhar pela janela e ver na sombra da expectativa de ver nem se for uma miragem. Hoje olhei pela janela mais de uma vez para ver a miragem. Mesmo no escuro da noite eu olhei pela janela.
Sobre a morte de quem amamos o que mantém a fé da gente são todas as lembranças dos momentos que tivemos a oportunidade de viver junto com quem atravessou para o outro lado do caminho. Sobre a frase o outro lado do caminho é bem mais fácil falar quando não perdemos quem amamos, depois essa frase não faz muito sentido. Sobre a morte devemos pensar que recebemos pessoas que de certa forma não fazia mais parte de nossa vida, e sem mais nem menos a vida nos blinda com uma situação que demostra nossa importância na vida do outro. Deixar alguém que se importa com a gente estando ele vivendo é dar a essa pessoa estatus de morte.

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