Ah, vida quantas vezes és sem
brilho, sem cor, sem motivo, sem sabor. Suas páginas sem surpresas, novidades
nem valor. Vida que segue sempre um roteiro, dias a fio e nenhuma surpresa. Olhando
da janela da minha casa parece que a vida dos transeuntes, dos caminhantes são belas,
engraçadas, coloridas, divertidas. Os parques quão impar sua beleza. Entre
arvores, flores, pássaros, borboletas, belas crianças brincam, oferecem à íris,
imagens enigmáticas, imagens questionadoras. Imagem de pessoas brincando,
sorrindo, cantando, se divertindo! Isso de fato é uma graça? Se for, por que
acho, você, ó vida, sem nenhuma graça. Na maioria das suas muitas páginas não
encontro motivo, não encontro cor. Perpassa na mente de muitas pessoas. Aqueles
vivem esse drama, nutrem esse sentimento. Ah, a vida, devo admitir, você é uma
graça. Eu me rendo diante dessa verdade, você é mesmo cheia de graça. Parei
para ver e vi. Coisas que acontecem sem prever. Isso, o inesperado. A música,
que estava pensando naquela manhã, de repente alguém cantou. E aquele filme que
queria ver, foi anunciado na TV e assisti. A viagem que não estava nos planos, nem
no orçamento, ela aconteceu. Encontros inesperados, pessoas que apenas na
imaginação imaginava encontrar, abraçar e aí...
Neste tão gigantesco, mas, tão pequeno, mundo, nessa longa, mas, tão tênue,
tão breve, nada, repetitiva vida. Viver é uma odisseia. O roteiro nos é
entregue para interpretar cada dia. Odisseia escrita e entregue para cada ator em
seu próprio palco. Ah, vida! És uma graça. Essa graça estar em ver a beleza. Múltiplas
belezas reveladas nas aves, plantas, animais, astros celestes, e nas pessoas, coadjuvantes
em nossa história, mas, protagonistas de suas próprias histórias. Vida você tirou
coisas, preciosas, levou para longe, trouxe outras, reeditou antigos personagens,
sempre vivos no imaginário. Vida é uma graça ser guiado por você. Vida você é
um presente divino.
Sobre a morte de quem amamos o que mantém a fé da gente são todas as lembranças dos momentos que tivemos a oportunidade de viver junto com quem atravessou para o outro lado do caminho. Sobre a frase o outro lado do caminho é bem mais fácil falar quando não perdemos quem amamos, depois essa frase não faz muito sentido. Sobre a morte devemos pensar que recebemos pessoas que de certa forma não fazia mais parte de nossa vida, e sem mais nem menos a vida nos blinda com uma situação que demostra nossa importância na vida do outro. Deixar alguém que se importa com a gente estando ele vivendo é dar a essa pessoa estatus de morte.

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