Conviver com o Diferente - Uma Homenagem aos 70 Anos de Meu Pai In Memoriam - Sebastião Carvalho Azarias
Este ano
voltei a escrever, coisa que fazia com certa frequência, que nos últimos anos
deixei de fazer. Para escrever precisa-se de tempo e reflexividade para ir além
do óbvio, ou do esperado. Quero nestes parágrafos falar sobre conviver com o
diferente, e a motivação do texto está relacionado aos comentários e as
interpretações dadas aos ataques feitos
aos cartunistas franceses. Confesso que
ouvi coisas que me agradaram, outras me desagradaram também. Pessoas com
opiniões contra os jihadistas, e até a favor deles. E todos falavam sobre
liberdade, liberdade de expressão, e conviver com o diferente. Aqui está meu o
Título de meu Tema! Será mesmo possível conviver com o diferente? Tenho sérias
dúvidas sobre esta possibilidade. Permita-me um toque pessoal no tema. Sou
filho de um homem negro, ou afrodescendente, como queiram. Convivíamos, entre
as piadas e deboches típicos das décadas de 70, 80, e 90, relacionadas aos
negros (e não eram engraçadas, não para mim). Até que meu pai assumiu uma
função de chefia. Agora ele daria ordens! Um dos funcionários não aceitava este
quadro, e dezenas de vezes adjetivava meu amado pai com palavras que tinham a
intenção de ofender a honra de meu velho pai (50 anos de idade ele tinha à
época). Tentando assim dizer que cor é motivo pejorativo. Muitas vezes meu pai
(que nasceu no dia 10 de janeiro) quis conviver com o diferente, mas, este diferente não quis a convivência
com ele. Esse cidadão assassinou meu pai. Aí, vem uma questão: esse assassino,
que na hora do ato criminoso disse: “seu negro safado”! É preciso ver o
histórico dele, para ver se ele era perseguido. Devo considerar se ele era da
direita, ou da esquerda. E meu pai, assassinado, privado de ver seu neto,
crescer, se tornar um vencedor, ficar noivo, dar a ele bisnetos. Priva-lo de
ver os demais netos nascer, crescer, teria de ver se ele era da esquerda, ou da
direita. Ora senhoras e senhores. Conviver com o diferente, parte da premissa
que o diferente queira conviver com os outros. Aqui seja qual diferença for.
Racial, religiosa, gênero sexual, ou politica. “Tendo sido, pois, justificados
pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; Pelo qual também
temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na
esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas
tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, E a paciência à
experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão,
porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo
que nos foi dado. Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo
pelos ímpios. Porque apenas
alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer.
Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós
ainda pecadores”. Romanos 5:1-9. Se você se considera diferente queira conviver com os demais. Pedro feriu um soldado no ato da prisão de Jesus Cristo, Jesus repreendeu Pedro e Curou o soldado. Jesus Sabia conviver com o diferente e nós ensinou a fazer o mesmo.
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